sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Bagulho Art


Estava vendo umas obras de Mark Khaisman, um Ucraniano que faz retratos com fita adesiva, e resolvi dar uma olhada em alguns outros artistas que usam materiais diversos para criar obras figurativas. Só por diversão...









Material Reciclado

Emergence, 2008

Japonica, 2007

Wayne, 2009

Whirl, 2009
Escultura em arame

Muerto Bonita
Morning Pose

And Light Fell on Her Face Through Heavy Darkness
TIM NOBEL & SUE WEBSTER
Projeção de amontoado de lixo

Dirty White Trash (with gulls), 1998

Kiss of Death, 2003

Metal Fucking Rats, 2006

Sunset Over Manhattan, 2003

Não podia deixar o VIK MUNIZ de lado, né?

Narciso (after Caravaggio)

Marat (Sebastião)

Medusa (after Caravaggio)
E pra fechar (ou abrir) esta pequena seleção:


Pablo Picasso
Cabeça de Touro, 1943
Guidão e selim de bicicleta



segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

E não gostei mesmo, hein!


Quando se deparar com uma obra de arte estranha, aparentemente mal-feita, em suma que não lhe agrade, não questione se é arte. Não adianta... Se foi um artista que fez, se está em uma galeria, museu, qualquer órgão validador do sistema das artes... é arte e ponto final.
Agora... não receie dizer “eu não gostei!” ... é um direito seu. Isso não vai lhe desqualificar. Também não desqualifica o artista ou a obra. Já dizia Duchamp que arte ruim ainda é arte.
O gosto pode não ser o melhor instrumento de avaliação de uma obra de arte, mas é o primeiro. Mesmo que pareça superficial, ele é o primeiro contato. O tocar a pele é superficial, mas o quanto pode dizer, e fazer sentir?
Por exemplo, quando um galerista ou um colecionador elege um artista para apoiar, pode ter certeza que, pelo menos, três fatores (para além das qualidades artísticas inegáveis e blábláblá!!) são extremamente relevantes: amizade ou parentesco (famosa peixada), especulação do mercado e, finalmente, O Gosto!
Uma obra pode ser incrível. Mas se o colecionador não gostar, só vai comprar se achar que no futuro vai render alguma coisa. Repito: o primeiro instrumento de avaliação é o gosto.
O que você pode fazer é se aprofundar e pesquisar o artista e a obra, você pode se surpreender positivamente e sair ganhando. Ou pode pesquisar e confirmar a suspeita inicial.
Você pode se aprofundar, é verdade. Mas não tem a menor obrigação, a não ser que seja um estudioso da área. Você pode simplesmente torcer o nariz e procurar a próxima. Tem tanta coisa por aí... talvez, aquela não fosse o seu estilo preferido mesmo.
Não me refiro a obras contemporâneas somente, isso vale até para aquelas já pertencentes ao “cânone sagrado das artes”. Se você não gosta do Van Gogh... perfeito! É melhor dizer : “Eu não gosto!” do que fingir gostar (por mais que soe absurdo dizer que não gosta de Van Gogh).
Por outro lado, o mesmo Duchamp disse que gosto é questão de repetição. Talvez você não goste de alguma coisa, simplesmente, por não estar habituado a ela.
Insista nas visitações a exposições, concertos, salas de cinema, peças teatrais... se quiser mesmo um contato com as artes (o que eu recomendo fortemente!) absorva o que for de seu interesse e abaixo a hipocrisia!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

E lá se foi meio século...


“Penso em todos esses jovens que, aos vinte anos, estão procurando fazer sua exposição individual. Acham que isto é o bastante para ser um grande pintor!”

Duchamp, em entrevista a Pierre Cabanne em 1966

Página 156 do livro Marcel Duchamp: Engenheiro do tempo perdido

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

POLÊMICA!

Matéria de Adam Sherwin, extraída de Mail Online

O exército de assistentes de Hirst insulta a arte, diz Hockney: ataque do veterano ao receber Ordem do Mérito



   David Hockney criticou Damien Hirst por usar um exército de assistentes para produzir o trabalho que é vendido exclusivamente em seu nome. 

   Em sua primeira declaração pública desde que foi homenageado pela Rainha, Hockney disse que era "um insulto" para um artista empregar outros para fazer suas criações. 

   Ele colocou um cartaz para a sua nova exposição de paisagens na Royal Academy onde se lê: "Todas as obras aqui foram feitas pelo próprio artista, pessoalmente."

   Perguntado por Andrew Marr para Radio Times se isso era uma crítica velada a Hirst - famoso por cobrir um crânio humano com 8.601 diamantes e suspendendo uma vaca e tubarão em formol - Hockney acenou com a cabeça e disse: "É um pouco insultuoso para artesãos, artesãos habilidosos." 

   Nascido em Yorkshire, Hockney, 74, foi um pintor de renome internacional desde os anos 1960, quando ele emergiu como líder da arte pop britânica.

   Ele recusou o título de cavaleiro em 1990, mas acaba de aceitar a nomeação para a prestigiosa Ordem do Mérito. 

   Hirst, 46, também encontrou a fama no mundo inteiro desde que estourou como o enfant terrible do mundo da arte britânica na década de 1990. Mas ele se vangloriou de que muitas das suas spot paintings - linhas de círculos coloridos aleatoriamente - são produzidos por outros, porque ele acha chato fazer o trabalho detalhado.
   Das 300 pinturas a serem expostas em uma grande mostra de Hirst em Nova York na próxima semana, apenas cinco foram produzidos pelo artista.
   Hirst acumulou uma fortuna 215 milhões de libras das suas obras, muitas vezes chocante. No entanto, enquanto ele recebe o crédito, as obras são muitas vezes produzidos por equipes de artesãos trabalhando sob sua direção.
   O crânio incrustado de diamantes, de 50 milhões de libras, que Hirst exibiu em 2007 foi feito para ele pela joalheiros reais Bentley & Skinner.
   A companhia teatral, Props MDM de Londres, ajudou a produzir tubarão empalhado do artista.
   Hockney, visto como o maior pintor britânico vivo, acredita que os artistas devem produzir suas próprias obras.
   Ele disse: "Eu costumava dizer na escola de arte, você pode ensinar o ofício, é a poesia que você não pode ensinar. Mas agora eles tentam ensinar a poesia e não o ofício." 
   Hockney citou um provérbio chinês que diz que para pintar 'você precisa do olho, da mão e do coração. Dois deles não são suficientes". Ele acrescentou: "A outra grande coisa que disse - eu disse isso para Lucian Freud - é, 'a pintura é uma antiga arte dos homens'. Eu gosto disso!"
   Retornando para Yorkshire depois de décadas na Califórnia, Hockney tem trabalhado em seu último show, A Bigger Picture, por mais de três anos. Ela abrange um período de 50 anos para mostrar seu fascínio por paisagens.



E aí!? Hockney, Hirst, ou Não é tão simples assim!?

    



   

Desenterrando poesias 1

Vou arriscar publicar aqui, vez ou outra, coisas que escrevi e guardei nas gavetas do meu computador. Afinal, estamos entre amigos. rs


ARGH!

Que lugar...
Que lugar horrível...
Quem sou eu?
Que pessoa risível...
Perdido
Largado
Jogado
Enlatado
Rotulado
Processado
Quero fugir, quero viver
Cansei de morrer...
O peito aperta
Aperto os olhos
Esmago a alma...
Calma...
Isso passa...
Passado isto, melhora
Passado, este não vai embora
Se faz presente a toda hora
Não se cansa de atordoar
A dor toda não amansa
Muitas paredes me cercam
Grades de espelho me espelham
Esperam centelhas
Centenas destas que teimam em não queimar
Queimam a mim
A segurança gera medo
O medo gera insegurança
E cega...
E chega!
Mas e daí?
Querer nem sempre é poder
Ao menos não pra quem não tem poder
Pode ser...
Milhões sofrem
Grilhões!!
Preciso partir
Preciso pedir?
Um dia...
Tenho fé!
Ou finjo,
Já que quero ter!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Polke no MASP


Vou abrir o Blog com a exposição que fechou meu 2011 (e fechou bem, diga-se de passagem). Aproveitei, no meu recesso de fim de ano, uma terça-feira abafada para ir ao MASP sem gastar o dinheiro que não tinha sobrevivido ao Natal.
Confesso que não conhecia Sigmar Polke (1941-2010), mas foi um prazer vê-lo de perto. Suas obras têm uma familiaridade estranha e desconcertante que nos impele a pensar nas relações cotidianas que travamos com o mundo.
Sem Título (impressão escolar), 1972
Segundo o texto de apresentação da exposição Sigmar Polke – Realismo Capitalista e outras Histórias Ilustradas, ele entrou firme na cena artística nos anos 60 quando, com Gerhard Ritcher e Konrad Fischer, realizou uma performance intitulada Realismo Capitalista, que mais tarde batizou um movimento que ironizava o Realismo Socialista da União Soviética e questionava a postura acrítica da arte ocidental, que aderira aos valores e vetores do mercado, fortemente representada pela arte pop.
Casa de Final de Semana, 1967-68
A primeira obra que vi na exposição foi Casa de Final de Semana, 1967-68, que me remeteu àquela sensação agradável de se passar um fim de semana tranqüilo em uma casa de campo ou de praia – acho que isso foi minha necessidade de férias falando. Mas, ao passo que as obras dialogavam comigo, deixavam transparecer um inegável sarcasmo, que se manteve presente independente das mudanças de estilo adotadas pelo artista. 
Sua obra que de início apresentava ligações estéticas com a pop, passou fluidamente por pesquisas conceituais, de campos de cor e apropriações do construtivismo. Contudo, padrões que a priori remetem à arte pop, como imagens retiradas de periódicos, cartoon, cartazes, tipo de impressão, e o uso de pinceladas em forma de retículas, continuaram presentes em sua produção, mesmo por que uma forma interessante de se abordar o cotidiano é se valer do repertório imagético deste. O que o distancia dos artistas pop, no entanto, inicialmente é a sua abordagem mais contundente dos temas, abordagem esta inundada de um caráter contestatório, que o tornou um dos artistas mais ativos não só na história da arte, mas na história de seu tempo. Para além desta percepção, a distinção fica clara ao perceber que seu estilo não é engessado, sua única constante é a experimentação. Ele transita entre pintura, desenho, fotografia, colagem, diversos tipos de impressão, se vale da palavra escrita, e mesmo sua utilização das retículas, tão caras à pop, se faz de maneira transcendental, eu diria, pois ela deixa de ser recurso pictórico para se transfigurar em matéria plástica, em mais um elemento a ser pesquisado, experimentado e extrapolado.
Sedução de Filme
O que chamou minha atenção foi o fato de encontrar beleza em meio a comentários agudos acerca da crueza de nossa sociedade. Cores vibrantes e lindas formas coexistem com mendigos e cenas de destruição. Uma combinação de sensações díspares coincidia com a impossibilidade de se categorizar Polke, um artista tão múltiplo quanto a própria arte contemporânea.
A curadoria caprichosa de Teixeira Coelho e Tereza de Arruda facilitou a fruição, com um texto de apresentação impecável e salas que conseguiram separar em nichos, na medida do possível, a grandiosa produção mostrada. Grandiosa tanto em qualidade quanto em quantidade, já que contava com mais de 200 trabalhos, incluindo os originais da série Day by Day, premiada na XIII Bienal de Arte de São Paulo, quando apresentada em formato menor, e que configura um espetáculo cítrico à parte.
         A única ressalva que faço é para a falta de tradução de alguns trechos – o que ocorre em todas as exposições que já fui – já que a palavra é parte importante da obra de Polke. Mas, nem de longe, este fato atrapalhou o desempenho da mostra, que possibilitou aos brasileiros um encontro inesquecível com um dos ícones da arte alemã.
         Quem ainda não viu a exposição corra que ainda dá tempo! Ela fica em cartaz até o dia 29 de janeiro.