Vou abrir o Blog
com a exposição que fechou meu 2011 (e fechou bem, diga-se de passagem).
Aproveitei, no meu recesso de fim de ano, uma terça-feira abafada para ir ao
MASP sem gastar o dinheiro que não tinha sobrevivido ao Natal.
Confesso que não
conhecia Sigmar Polke (1941-2010), mas foi um prazer vê-lo de perto. Suas obras têm uma
familiaridade estranha e desconcertante que nos impele a pensar nas relações
cotidianas que travamos com o mundo.
Sem Título (impressão escolar), 1972
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Segundo o texto
de apresentação da exposição Sigmar Polke – Realismo Capitalista e outras
Histórias Ilustradas, ele entrou firme na cena artística nos anos 60
quando, com Gerhard Ritcher e Konrad Fischer, realizou uma performance intitulada
Realismo Capitalista, que mais tarde batizou um movimento que ironizava o
Realismo Socialista da União Soviética e questionava a postura acrítica da arte
ocidental, que aderira aos valores e vetores do mercado, fortemente
representada pela arte pop.
Casa de Final de Semana, 1967-68 |
A primeira obra
que vi na exposição foi Casa de Final de
Semana, 1967-68, que me remeteu
àquela sensação agradável de se passar um fim de semana tranqüilo em uma casa
de campo ou de praia – acho que isso foi minha necessidade de férias falando.
Mas, ao passo que as obras dialogavam comigo, deixavam transparecer um inegável
sarcasmo, que se manteve presente independente das mudanças de estilo adotadas
pelo artista.
Sua obra que de início apresentava ligações estéticas com a pop,
passou fluidamente por pesquisas conceituais, de campos de cor e apropriações
do construtivismo. Contudo, padrões que a priori remetem à arte pop, como
imagens retiradas de periódicos, cartoon, cartazes, tipo de impressão, e o uso
de pinceladas em forma de retículas, continuaram presentes em sua produção,
mesmo por que uma forma interessante de se abordar o cotidiano é se valer do
repertório imagético deste. O que o distancia dos artistas pop, no entanto, inicialmente
é a sua abordagem mais contundente dos temas, abordagem esta inundada de um
caráter contestatório, que o tornou um dos artistas mais ativos não só na
história da arte, mas na história de seu tempo. Para além desta percepção, a
distinção fica clara ao perceber que seu estilo não é engessado, sua única
constante é a experimentação. Ele transita entre pintura, desenho, fotografia,
colagem, diversos tipos de impressão, se vale da palavra escrita, e mesmo sua
utilização das retículas, tão caras à pop, se faz de maneira transcendental, eu
diria, pois ela deixa de ser recurso pictórico para se transfigurar em matéria
plástica, em mais um elemento a ser pesquisado, experimentado e extrapolado.
Sedução de Filme |
O que chamou
minha atenção foi o fato de encontrar beleza em meio a comentários agudos
acerca da crueza de nossa sociedade. Cores vibrantes e lindas formas coexistem
com mendigos e cenas de destruição. Uma combinação de sensações díspares
coincidia com a impossibilidade de se categorizar Polke, um artista tão
múltiplo quanto a própria arte contemporânea.
A curadoria
caprichosa de Teixeira Coelho e Tereza de Arruda facilitou a fruição, com um
texto de apresentação impecável e salas que conseguiram separar em nichos, na
medida do possível, a grandiosa produção mostrada. Grandiosa tanto em qualidade
quanto em quantidade, já que contava com mais de 200 trabalhos, incluindo os
originais da série Day by Day,
premiada na XIII Bienal de Arte de São Paulo, quando apresentada em formato
menor, e que configura um espetáculo cítrico à parte.
A única ressalva que
faço é para a falta de tradução de alguns trechos – o que ocorre em todas as
exposições que já fui – já que a palavra é parte importante da obra de Polke.
Mas, nem de longe, este fato atrapalhou o desempenho da mostra, que
possibilitou aos brasileiros um encontro inesquecível com um dos ícones da arte
alemã.Quem ainda não viu a exposição corra que ainda dá tempo! Ela fica em cartaz até o dia 29 de janeiro.
Oi amigo querido...adorei seu blog!!! seja bem vindo ao mundo dos blogueiros...kkkk
ResponderExcluirvou passar sempre por aqui viu? e please passe lá no meu também!
Será muito bom compartilhar um pouco de arte com vc!
beijos
Daorinha!!!
ResponderExcluirÉ nóis!!!
Valeu, pessoal!!
ResponderExcluirAí, Mari, minha amiga blogueira!! Já sou presença frequente no cenário artístico!!