“Eu
sou um pintor que pinta dia após dia,
de manhã até a noite...
quem
quiser saber alguma coisa sobre mim...
deverá olhar atentamente
minhas pinturas.”
Gustav Klimt
Há
exatos 150 anos, em 14 de julho de 1862, nascia em Baumgarten, nas
proximidades de Viena, Gustav Klimt, filho do gravador profissional
Ernst Klimt e de Anna Finster, uma malsucedida performista musical,
sendo o segundo numa linha de sete irmãos. Devido a dificuldades
financeiras a família mudava constantemente de endereço a fim de
minimizar os custos, o que não conseguia evitar a pobreza em que
viviam.
Aos
catorze anos de idade Klimt passou a frequentar a Escola de Artes e
Ofícios de Viena, onde já se destacou, junto com seu irmão Ernst e
o amigo Franz, pelo talento. À época, seu estilo era influenciado
pela obra de Hanz Makart.
A
partir de 1880 os três auxiliavam os professores na pintura de
murais, o que levou Klimt a iniciar uma prestigiosa carreira como
pintor histórico, em que decorou inúmeros murais de instituições
públicas. Em 1888 foi condecorado pelo imperador Franz Josef I, da
Áustria, pela sua significativa contribuição na decoração do
Teatro Nacional.
Entre
1891 e 1897 Klimt foi filiado à Sociedade Cooperativa dos Artistas,
uma associação que oferecia garantias aos artistas, mas que era
conservadora demais, o que o levou a fundar junto com outros membros
a Associação dos Artistas Visuais Austríacos, mais conhecida como
Secessão, que com sua
revista Ver Sacrum
desempenhou um papel fundamental na difusão dos preceitos do
modernismo, com a diferença fundamental de não enquadrar a arte em
escolas e movimentos, mas buscar uma integração – não é sem
razões que Klimt pode ser associado tanto ao Simbolismo quanto ao
Art Noveau. Este esforço foi apoiado pelo governo que providenciou
um espaço para que o grupo expusesse o trabalho de jovens artistas
locais e de grandes artistas estrangeiros.
O
grupo elegeu como símbolo Pallas Athena, Deusa Grega das causas
justas, sabedoria e dos artistas, pintada por Klimt em 1898, em um
estilo próprio e já bastante radical.
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Pallas Atena, 1898 |
Em
1899 Klimt foi convidado a decorar a sala de música de Nikolaus
Dumba, um rico industrial, confirmando a boa fase em sua carreira.
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Filosofia, 1900 |
No
mesmo ano, Klimt definiria seu estilo com a obra Nuda Veritas,
em que consta na parte superior a inscrição da seguinte frase de
Schiller: “Se você não pode agradar a todos com sua arte, agrade
a poucos. Agradar a muitos é ruim.” Este mote o perseguiria por
toda a vida, pois, deste momento em diante, poucos compreenderiam sua
obra.
Em
1900 ao apresentar, Filosofia, o primeiro de uma série de
três trabalhos pelos quais foi comissionado para decorar o Hall da
Universidade, obteve o desprezo do público e da crítica. Mal-estar
que se agravaria ao mostrar os seguintes, Medicina e
Jurisprudência, gerando um
processo impetrado pelo congresso que resultou na sua incriminação
por pornografia e perversão excessiva.
Depois
disso, ele resolveu nunca mais aceitar trabalhos oficiais, pois
barravam sua liberdade criadora. Dedicou-se a seguir apenas seus
próprios padrões e não se intimidou nem um pouco com a péssima
receptividade que suas obras alcançavam, ao invés, optou por
mostrar o traseiro a seus críticos, com a obra Goldfish,
que segundo dizem iria se chamar A meus críticos.
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Goldfish |
Por
volta de 1906 ele inicia sua fase dourada – apesar de seu prenúncio
datar de sua Palla Atenas -, e recupera a aceitação da crítica,
sendo reconhecido como um grande artista. Durante este período o
artista passa a ver os ideais apregoados pela Secessão como uma
utopia ultrapassada e decide abandonar o grupo.
Sua
fase dourada termina no final da primeira década do século XX,
quando ele entra em contato com o
expressionismo e com a obra de Toulouse-Lautrec.
Klimt
faz uma perfeita união de elementos da arte tradicional e moderna,
aproveita-se de elementos da antiguidade egípica e da era bizantina.
Arte e decoração se fundem. Sua obra é um compêndio que ganha
vida e se transforma em algo absolutamente original.
Sua
maior contribuição, no entanto, foi a sexualidade na arte. Suas
obras exalam sedução e erotismo sem, contudo, apresentarem a carga
pornográfica que lhe foi atribuída no final do século XIX. Seus
quadros são povoados por mulheres longilíneas, etéreas e
autosuficientes, normalmente em poses sedutoras habitantes de um
mundo repleto de símbolos associados ao sexo e à reprodução, como
sêmen, óvulos, pólen e pistilos.
Mesmo
ao pintar respeitosos retratos de mulheres, seu tema preferido estava
presente, pois como foi detectado ao contato com sua inacabada Noiva,
suas modelos eram pintadas nuas e só depois vestidas com tinta (e
folhas de ouro quando era o caso).
De
forma bem mais contundente que sua pinturas, seus desenhos mostravam
a importância dada ao erotismo e à sexualidade feminina. Muitos
deles ainda hoje poderiam ser considerados pornográficos. Dizem que
seu apetite sexual era inesgotável, e felizmente para nós, se
traduziu em um apetite para a arte, resultando em um conjunto de
obras que figuram entre as mais belas da história da arte.
Em
6 de fevereiro de 1918, Klimt faleceu vítima de pneumonia epdêmica,
deixando 14 supostos filhos, dos quais 3 foram reconhecidos por ele.
Apesar
da inconstante popularidade de Gustav Klimt em vida, atualmente é um
dos artistas mais venerados e mais caros. Muitos de seus quadros
alcançaram postumamente preços milionários, e um deles, o retrato
de Adele Boch-Bauer I,
foi vendido em 2006 por $135.000.000,00, alçando à época o posto
de segunda pintura de maior valor no mundo.
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